Suponho que me
entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em
contato... Ou toca, ou não toca. Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica:
fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente
registro. Clarice Lispector
Como é difícil ser feliz ao nosso modo a nossa maneira!
Não podemos ser quem somos e sim o que querem que sejamos.
A Plateia é critica... Censura, agride... Falsos
moralistas, hipócritas.
Estou me sentindo enjoada, com náuseas... Não do mundo,
mas das pessoas, de suas covardias, de suas vãs filosofias, da maldade que
imprimem em seus olhos, do arroto asqueroso e contraditório de tudo que dizem
acreditar.
Quem diabo somos? Quem diabo tu és na sua realidade civil
e social do seu egocêntrico mundinho fajuto e sujo?
Para! Chega! Vou vomitar! Está me embrulhando o
estomago... Quero ir embora desta merda, deste ciclo impetuoso, impiedoso e ridículo!
Meu vomito não é tão nojento quanto à imagem do teu cinismo
e de tua imbecilidade mórbida que pulula a veracidade da logica e dos fatos,
pois meu vomito desce pelo vaso sanitário, já a tua podridão encontra-se em tua
alma, teu sangue está contaminado. Não queira me limpar! Limpe-se você!
Deixe-me em paz!
Não se preocupe comigo! Não quero aplausos! Não te convidei
para a minha peça! Vai embora, eu não permito ensaios! No palco da minha vida
só pisa quem eu quero, o cenário sou eu quem o crio, eu é quem dirijo minha
vida. Não preciso de figurantes nem coadjuvantes, nem ratos, nem vermes. Minha
vida não é um filme de terror. Cegue-se diante de mim ou morra afogado em meu
vomito. Eu prefiro morrer na solidão a viver assistida por um monte de bosta se
achando gente.
Falamos o mesmo idioma, mas não a mesma língua... Uso
minha língua, para lamber um sorvete, um pirulito, beijar, fazer sexo oral,
percorrer partes do corpo, excitar, dar prazer. Enquanto você usa a sua para
maldizer a vida alheia. Achou-me vulgar, pelo o que eu disse? Sim, eu fui mesmo
vulgar e não nego, por que sou verdadeira e vulgaridade não é doença... Doença
está no seu cérebro preconceituoso, no seu coração vazio e insensato, em sua
opinião cretina de se achar o dono da razão, em sua pose, em seu estatuto
medíocre de bons modos e bons costumes... Fez-me rir agora! Quem na realidade
consegue ter bons modos e bons costumes? Seu personagem de hipócrita! Se seu
corpo não peca, seu pensamento lhe conduz ao inferno! Mente doentia e invasiva!
Bibelô de merda! É isso que você é, mas para minha
instante você não serve! Mesmo por que olhar pra você me dar náuseas!
O show da minha vida não acabou e por isso sei que ali na
poltrona ou em uma ligação vão comentar meu numero, minha peça, minha dança,
minha canção, minha atuação...
Quero pedir um favor, quando eu morrer em vez de lagrimas
de hipocrisia, vomite no meu corpo dentro do caixão, assim ajudará a alimentar
os vermes que contribuíram para a decomposição do corpo que não te pertence. Afinal
a vida continua e a minha está nas mãos de Deus.
Como dizia Cazuza: “Eu não posso causar mal nenhum A não
ser a mim mesmo”
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