20 de mai. de 2011

Sátiro Dias no reino da incompetência cultural




Senhores e Senhoras, o tempo passou e ficamos calados esperando que as ações culturais fossem reforçadas e que, como era prometido, Sátiro Dias pudesse “respirar” cultura, oportunizando aos jovens desenvolverem seus talentos e aspirações. Até começaram bem, mas a coisa desandou e hoje, o que era pra ser cultura, diante da inércia e da falta de vontade do poder público, virou vergonha. Resta-nos sair da poltrona e resgatar a vocação natural dos satirodienses para a produção cultural.
Sim, que esta terra tem artistas, é fato. Que este povo tem talento e vontade de fazer, é inquestionável. Que necessitam de oportunidades, é inegável. Mas, senhores e senhoras, a quem recorreremos se aqueles que deveriam ser os maiores interessados no bem-estar social se fazem de dormentes, relegando nossos sonhos e desejos às agonias da insipiência? A ignorância é uma masmorra fétida onde se frustram as aspirações de um povo ansioso por brilhar com seu talento e arte, e crescer com o trabalho prazeroso de fazer o que se gosta. A ignorância é uma semente daninha que vem se plantando com a incompetência de uma gestão demente.
Meninos, eu conto. O que se vê nesse céu negro são as labaredas da incompetência queimando as esperanças de todos nós, como um arroto do demônio na cara de Deus. Já dizem que se anda é para a frente, mas que andar para a frente é esse que se desfaz, sucateia, desmonta as coisas que já existem? Pelo menos no aspecto cultural, ao invés de Avançar, vivemos a política da regressão. Não prosseguiram os trabalhos com a fanfarra, a orquestra, o grupo de flauta, o teatro, os grupos de leitura, as aulas de capoeira e de dança, os concursos de conto, poesia, fotografia, além de não se dar apoio à institucionalização dos grupos artísticos, às manifestações populares, rejeitar a criação da Secretaria de Cultura, abafar a voz dos órgãos deliberativos como o Conselho de Cultura, que como outros conselhos existem, mas não funciona como deveria. Denuncie-se.
É de se pensar em linguagem do poeta Castro Alves: “dizei-me vós, Senhor Deus dos desgraçados, se é loucura ou se é verdade tanto horror perante os céus”... pois a ignorância é um horror, a loucura da escravidão das mentes. Disseram que nós “respiraríamos” cultura, mas estamos sufocados diante da indiferença governamental. Basta!
A juventude está desamparada, nem cultura e nem esportes. São como ovelhas mudas levadas ao matadouro. O Matadouro, aliás, onde até a polícia evita ir e que todos isolam e discriminam, arde feito fogo no palheiro, e nós, inertes esperamos, esperamos, mas o quê? A polícia, no cumprimento do dever, sabe executar prisões, muitos sabem criticar os moradores e taxá-los, e o Governo Municipal só sabe fazer de conta que não tem nada com isso. Será que não está na hora de levarmos ações de recuperação da auto-estima cidadã daquele povo? Pararmos de vê aquele lugar como um problema social e agirmos? Sugestiona-se.
Saibam senhores e senhoras, que enquanto não se pensar em política cidadã e se investir na formação intelectual e física de nossos pequenos cidadãos, as mentes vazias maquinarão a resposta maligna, traduzida pela violência. E a violência não é outra coisa senão a filha espúria da ignorância.
Vamos colocar nossos jovens para praticar esportes, fazer artes, fazer dança, aprender a tocar um instrumento musical, aprender uma profissão decente, ou vamos ficar de braços cruzados assistindo, num camarote ridículo, eles serem capturados e seduzidos pelo crime, pelo álcool, pelas drogas, pela prostituição? Vamos abrir ou fechar os horizontes deste povo? Vamos deixar nossas crianças agonizarem na masmorra da ignorância?
Nós não somos cegos. Há muito foram derrubadas as paredes que nos distanciavam do mundo globalizado. Já cruzamos mares, continentes, nas páginas de Um Cão Uivando para a Lua, Essa Terra e nossa língua, nossas ilusões e aventuras, já roçam a língua de Camões em terras lusitanas e em outras tantas nações. Mas aqui, que sorte infeliz a nossa, os bárbaros gananciosos comem a nossa carne, bebem o nosso sangue, sem nos deixar usufruir de um tostão do nosso suor. Pão e circo nos oferecem, como se fôssemos idiotas.
Há muito a ignorância triunfou com a idiotice, mas não somos nós, os ignorantes e idiotas, são sim, aqueles que pensam que não vemos. É idiotice, senhores e senhoras, achar que esse é um lugar pequeno demais para se produzir bens culturais de grande valor, pois tudo o que é pequeno, sendo bem alimentado, cresce, mas o que não se alimenta fica raquítico, e um município raquítico em cultura é alimentado pelos maus costumes. Sem dúvidas é isso que querem, uma cidade raquítica e sem oportunidades, cheia de elefantes brancos, construções inúteis e inviáveis.
Pois bem, nós não estamos dormindo. Essa é uma carta aberta aos cidadãos de nossa cidade que vivem em todos os lugares desse país e alguns que estão por esse mundão de meu Deus. Para agirmos em prol de nossa juventude, para que o futuro seja melhor para eles e para nós. Fazemos isso de forma pública, como público é a administração municipal, como públicos são os recursos municipais e como público é o poder que emana do povo. Sem medo de cara feia, repressão ou estigma, afinal não é crime cobrar o que se tem direito.
Isto posto, fazemos um chamamento coletivo ao debate. Quem discorda, que discorde e argumente, quem concorda que apóie e fomente. Mas ninguém nos peça para calarmos, pois a hora de se calar já passou.
 
Texto do blog: Abimael Borges



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20 de mai. de 2011

Sátiro Dias no reino da incompetência cultural




Senhores e Senhoras, o tempo passou e ficamos calados esperando que as ações culturais fossem reforçadas e que, como era prometido, Sátiro Dias pudesse “respirar” cultura, oportunizando aos jovens desenvolverem seus talentos e aspirações. Até começaram bem, mas a coisa desandou e hoje, o que era pra ser cultura, diante da inércia e da falta de vontade do poder público, virou vergonha. Resta-nos sair da poltrona e resgatar a vocação natural dos satirodienses para a produção cultural.
Sim, que esta terra tem artistas, é fato. Que este povo tem talento e vontade de fazer, é inquestionável. Que necessitam de oportunidades, é inegável. Mas, senhores e senhoras, a quem recorreremos se aqueles que deveriam ser os maiores interessados no bem-estar social se fazem de dormentes, relegando nossos sonhos e desejos às agonias da insipiência? A ignorância é uma masmorra fétida onde se frustram as aspirações de um povo ansioso por brilhar com seu talento e arte, e crescer com o trabalho prazeroso de fazer o que se gosta. A ignorância é uma semente daninha que vem se plantando com a incompetência de uma gestão demente.
Meninos, eu conto. O que se vê nesse céu negro são as labaredas da incompetência queimando as esperanças de todos nós, como um arroto do demônio na cara de Deus. Já dizem que se anda é para a frente, mas que andar para a frente é esse que se desfaz, sucateia, desmonta as coisas que já existem? Pelo menos no aspecto cultural, ao invés de Avançar, vivemos a política da regressão. Não prosseguiram os trabalhos com a fanfarra, a orquestra, o grupo de flauta, o teatro, os grupos de leitura, as aulas de capoeira e de dança, os concursos de conto, poesia, fotografia, além de não se dar apoio à institucionalização dos grupos artísticos, às manifestações populares, rejeitar a criação da Secretaria de Cultura, abafar a voz dos órgãos deliberativos como o Conselho de Cultura, que como outros conselhos existem, mas não funciona como deveria. Denuncie-se.
É de se pensar em linguagem do poeta Castro Alves: “dizei-me vós, Senhor Deus dos desgraçados, se é loucura ou se é verdade tanto horror perante os céus”... pois a ignorância é um horror, a loucura da escravidão das mentes. Disseram que nós “respiraríamos” cultura, mas estamos sufocados diante da indiferença governamental. Basta!
A juventude está desamparada, nem cultura e nem esportes. São como ovelhas mudas levadas ao matadouro. O Matadouro, aliás, onde até a polícia evita ir e que todos isolam e discriminam, arde feito fogo no palheiro, e nós, inertes esperamos, esperamos, mas o quê? A polícia, no cumprimento do dever, sabe executar prisões, muitos sabem criticar os moradores e taxá-los, e o Governo Municipal só sabe fazer de conta que não tem nada com isso. Será que não está na hora de levarmos ações de recuperação da auto-estima cidadã daquele povo? Pararmos de vê aquele lugar como um problema social e agirmos? Sugestiona-se.
Saibam senhores e senhoras, que enquanto não se pensar em política cidadã e se investir na formação intelectual e física de nossos pequenos cidadãos, as mentes vazias maquinarão a resposta maligna, traduzida pela violência. E a violência não é outra coisa senão a filha espúria da ignorância.
Vamos colocar nossos jovens para praticar esportes, fazer artes, fazer dança, aprender a tocar um instrumento musical, aprender uma profissão decente, ou vamos ficar de braços cruzados assistindo, num camarote ridículo, eles serem capturados e seduzidos pelo crime, pelo álcool, pelas drogas, pela prostituição? Vamos abrir ou fechar os horizontes deste povo? Vamos deixar nossas crianças agonizarem na masmorra da ignorância?
Nós não somos cegos. Há muito foram derrubadas as paredes que nos distanciavam do mundo globalizado. Já cruzamos mares, continentes, nas páginas de Um Cão Uivando para a Lua, Essa Terra e nossa língua, nossas ilusões e aventuras, já roçam a língua de Camões em terras lusitanas e em outras tantas nações. Mas aqui, que sorte infeliz a nossa, os bárbaros gananciosos comem a nossa carne, bebem o nosso sangue, sem nos deixar usufruir de um tostão do nosso suor. Pão e circo nos oferecem, como se fôssemos idiotas.
Há muito a ignorância triunfou com a idiotice, mas não somos nós, os ignorantes e idiotas, são sim, aqueles que pensam que não vemos. É idiotice, senhores e senhoras, achar que esse é um lugar pequeno demais para se produzir bens culturais de grande valor, pois tudo o que é pequeno, sendo bem alimentado, cresce, mas o que não se alimenta fica raquítico, e um município raquítico em cultura é alimentado pelos maus costumes. Sem dúvidas é isso que querem, uma cidade raquítica e sem oportunidades, cheia de elefantes brancos, construções inúteis e inviáveis.
Pois bem, nós não estamos dormindo. Essa é uma carta aberta aos cidadãos de nossa cidade que vivem em todos os lugares desse país e alguns que estão por esse mundão de meu Deus. Para agirmos em prol de nossa juventude, para que o futuro seja melhor para eles e para nós. Fazemos isso de forma pública, como público é a administração municipal, como públicos são os recursos municipais e como público é o poder que emana do povo. Sem medo de cara feia, repressão ou estigma, afinal não é crime cobrar o que se tem direito.
Isto posto, fazemos um chamamento coletivo ao debate. Quem discorda, que discorde e argumente, quem concorda que apóie e fomente. Mas ninguém nos peça para calarmos, pois a hora de se calar já passou.
 
Texto do blog: Abimael Borges



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