10 de mai. de 2009

"Deus escreve certo por linhas torta"







Quem nunca ouviu ou repetiu as seguintes frases:
"Quem vê cara não vê coração","Nem tudo que parece é",
"Não julgue o produto pelo rotulo e sim pelo conteúdo"?
Pois, é! eu uso muito aquele dito:

"Deus escreve certo por linhas torta"

Aos 6 anos de idade quando pisei pela primeira vez em uma cidade no interior da Bahia chamada Sátiro Dias eu parecia um bichinho acuado...tinha cavalos andando pelas ruas, jegues, galinhas, urubu voando por todos os lados...pessoas falavam alto com um sotaque diferente meio arrastado.
As mulheres usavam saias compridas muitas eram coloridas algumas com lenço na cabeça.Homens vestiam   jaleco de couro e botas...cuspiam no chão depois de darem uma baforada no cigarro de fumo!
Era segunda-feira era o dia da feira em Sátiro Dias
Tudo aquilo estava fora da minha realidade totalmente diferente da minha vida em São Paulo.Comecei a observar tudo:as casas eram construídas uma colada na outra(parede e meia) suas frentes meu avô dizia que era testa de leitoa( até hoje não sei o por que deste nome)
Assustada com toda aquela movimentação de gente e animais por todos os lados lembro que segurei nas pernas de minha mãe e pedi a ela que fossemos embora pelo amor de Deus! Minha mãe  me olhou com uma cara feia e com um ar de reprovação, mandou que eu calasse minha boca se não eu ia apanhar ali mesmo na rua,engoli o choro na hora! Quando vi o ônibus se afastando perdi a esperança só restava me conformar...meu irmão onze meses mais novo que eu adorou aquele lugar parecia que vivia lá a anos.
Lembro-me, que na rua onde o ônibus fez  a parada, morava uma conhecida da minha mãe, ela veio nos receber e foi logo nos convidando para pousar em sua casa, era uma casa simples não tinha muitos moveis, logo na entrada uma sala vazia só tinha uma rede armada, logo vinha um corredor imenso com  portas que dava acesso aos quartos, no fim do corredor outra sala com uma mesa de madeira e quatro cadeiras e um móvel que eles chamavam de cristaleira e só depois vinha a cozinha o fogão era de lenha tinha panelas penduradas por toda parte!
Era uma cidade diferente, os costumes diferentes as pessoas também eram diferentes, eu olhava tudo em minha volta e tentava imaginar a  onde eu estava, parecia outro mundo, aquela cidade seria meu novo mundo.
Foi difícil acostumar com a luz de candeeiro e tomar banho de canequinha, pois para piorar fomos morar na roça do meu avô.!!!
Foi difícil!alguns anos da minha vida odiei profundamente aquela cidade eu não sei quem eu culpava:minha mãe por ter me levado para lá ou a cidade de pouco recursos
Para não passar fome tive que me adaptar a cozinha baiana aprendi a gostar de bucho, bofe,tripa assada no espeto pirão de alho, no inicio eu torcia o nariz,mas comia
2 anos difíceis, até voltar para São Paulo. Oh! glória, voltaria a civilização
Em São Paulo minha alegria durou apenas 02 anos ,até volta para Satiro Dias de novo,eu tinha 10 anos e pensei:"minha adolescência esta condenada"...mas a situação foi mais amena difícil mas amena! Eu tinha muita magoa daquele lugar eu era apenas uma criança sem infância que trocou as bonecas para trabalhar na roça...onde eu não via a hora de ir para escola assim deixava a lida!
Quando completei 15 anos voltei para São Paulo,fiquei triste pois ia sem minha mãe, mas feliz por que eu ia embora daquele lugar!
Hoje com o passar dos anos vejo que nunca odiei aquela pequena cidade chamada Sátiro Dias e sim a dificuldade que passei por lá...tudo que vivi, as dificuldades que passei eu absorvi tudo como algo positivo na minha vida,pois com tudo que vivi lá hoje dou valor as pequenas coisas
A cidade de Sátiro Dias foi a escola escolhida por Deus para me preparar para a vida

esta é a casinha do meu avô onde morei com minha mãe meu irmão e ele, depois de sua morte suas terras foram vendida e a casa demolida

7 comentários:

cle s.s disse...

Vc é uma guerreira q,na batalha da vida,saiu vitoriosa,parabéns por sua força e coragem.Bjs de quem te adora muito.

Tom Torres disse...

Eu fiz o inverso: deixei o sossego da roça pela vida sem tempo da cidade.
Como a casa de seu avô se parece com a dos meus pais, que também foi derrubada!
beijos

Mislene Lopes disse...

Sabe ,Tom!!com tudo sinto falta da minha vida do campo!tem dias que da saudade do cheiro de terra molhada!principalmente na semana corrida onde se tem que trabalhar muito para sobreviver sem pensar muito em descanso!!!

Anônimo disse...

Mis, vc com seu jeito simples, humilde, com esse seu coração indescritivel, será sempre uma maravilhosa mãe, a pessoa que te falou aquilo no minimo não sabe o que é o verdadeiro sentido do amor. Só as pessoas verdadeiras é que tem esta sensibilidade, por isso eu amo muito vc, pois vc é, foi e sempre será minha amiga-irmã, e nada e nem ninguém neste mundo irá mudar, a não ser Deus. Estive com vc, mas ja estou com saudades, obrigada por vc existir na minha vida... Bjs no seu coração.. de sua amiga eterna Cleide..

Anônimo disse...

Nossa muito bom esse texto!. Queria saber onde ficava essa casinha e quem era seus avós.

Mislene Lopes disse...

Meus avós já faleceram se chamavam Adelino Lopes e Lorita Vieira. A casa foi demolida e as terras não pertence mais a familia.
Eram de Sátiro Dias-BA o local da casa era depois do cruzeiro acima do matadouro em frente as terras de Coló, que hoje não sei a quem pertence!

Mislene Lopes disse...

Ah! E vc quem é? rs

10 de mai. de 2009

"Deus escreve certo por linhas torta"







Quem nunca ouviu ou repetiu as seguintes frases:
"Quem vê cara não vê coração","Nem tudo que parece é",
"Não julgue o produto pelo rotulo e sim pelo conteúdo"?
Pois, é! eu uso muito aquele dito:

"Deus escreve certo por linhas torta"

Aos 6 anos de idade quando pisei pela primeira vez em uma cidade no interior da Bahia chamada Sátiro Dias eu parecia um bichinho acuado...tinha cavalos andando pelas ruas, jegues, galinhas, urubu voando por todos os lados...pessoas falavam alto com um sotaque diferente meio arrastado.
As mulheres usavam saias compridas muitas eram coloridas algumas com lenço na cabeça.Homens vestiam   jaleco de couro e botas...cuspiam no chão depois de darem uma baforada no cigarro de fumo!
Era segunda-feira era o dia da feira em Sátiro Dias
Tudo aquilo estava fora da minha realidade totalmente diferente da minha vida em São Paulo.Comecei a observar tudo:as casas eram construídas uma colada na outra(parede e meia) suas frentes meu avô dizia que era testa de leitoa( até hoje não sei o por que deste nome)
Assustada com toda aquela movimentação de gente e animais por todos os lados lembro que segurei nas pernas de minha mãe e pedi a ela que fossemos embora pelo amor de Deus! Minha mãe  me olhou com uma cara feia e com um ar de reprovação, mandou que eu calasse minha boca se não eu ia apanhar ali mesmo na rua,engoli o choro na hora! Quando vi o ônibus se afastando perdi a esperança só restava me conformar...meu irmão onze meses mais novo que eu adorou aquele lugar parecia que vivia lá a anos.
Lembro-me, que na rua onde o ônibus fez  a parada, morava uma conhecida da minha mãe, ela veio nos receber e foi logo nos convidando para pousar em sua casa, era uma casa simples não tinha muitos moveis, logo na entrada uma sala vazia só tinha uma rede armada, logo vinha um corredor imenso com  portas que dava acesso aos quartos, no fim do corredor outra sala com uma mesa de madeira e quatro cadeiras e um móvel que eles chamavam de cristaleira e só depois vinha a cozinha o fogão era de lenha tinha panelas penduradas por toda parte!
Era uma cidade diferente, os costumes diferentes as pessoas também eram diferentes, eu olhava tudo em minha volta e tentava imaginar a  onde eu estava, parecia outro mundo, aquela cidade seria meu novo mundo.
Foi difícil acostumar com a luz de candeeiro e tomar banho de canequinha, pois para piorar fomos morar na roça do meu avô.!!!
Foi difícil!alguns anos da minha vida odiei profundamente aquela cidade eu não sei quem eu culpava:minha mãe por ter me levado para lá ou a cidade de pouco recursos
Para não passar fome tive que me adaptar a cozinha baiana aprendi a gostar de bucho, bofe,tripa assada no espeto pirão de alho, no inicio eu torcia o nariz,mas comia
2 anos difíceis, até voltar para São Paulo. Oh! glória, voltaria a civilização
Em São Paulo minha alegria durou apenas 02 anos ,até volta para Satiro Dias de novo,eu tinha 10 anos e pensei:"minha adolescência esta condenada"...mas a situação foi mais amena difícil mas amena! Eu tinha muita magoa daquele lugar eu era apenas uma criança sem infância que trocou as bonecas para trabalhar na roça...onde eu não via a hora de ir para escola assim deixava a lida!
Quando completei 15 anos voltei para São Paulo,fiquei triste pois ia sem minha mãe, mas feliz por que eu ia embora daquele lugar!
Hoje com o passar dos anos vejo que nunca odiei aquela pequena cidade chamada Sátiro Dias e sim a dificuldade que passei por lá...tudo que vivi, as dificuldades que passei eu absorvi tudo como algo positivo na minha vida,pois com tudo que vivi lá hoje dou valor as pequenas coisas
A cidade de Sátiro Dias foi a escola escolhida por Deus para me preparar para a vida

esta é a casinha do meu avô onde morei com minha mãe meu irmão e ele, depois de sua morte suas terras foram vendida e a casa demolida

7 comentários:

cle s.s disse...

Vc é uma guerreira q,na batalha da vida,saiu vitoriosa,parabéns por sua força e coragem.Bjs de quem te adora muito.

Tom Torres disse...

Eu fiz o inverso: deixei o sossego da roça pela vida sem tempo da cidade.
Como a casa de seu avô se parece com a dos meus pais, que também foi derrubada!
beijos

Mislene Lopes disse...

Sabe ,Tom!!com tudo sinto falta da minha vida do campo!tem dias que da saudade do cheiro de terra molhada!principalmente na semana corrida onde se tem que trabalhar muito para sobreviver sem pensar muito em descanso!!!

Anônimo disse...

Mis, vc com seu jeito simples, humilde, com esse seu coração indescritivel, será sempre uma maravilhosa mãe, a pessoa que te falou aquilo no minimo não sabe o que é o verdadeiro sentido do amor. Só as pessoas verdadeiras é que tem esta sensibilidade, por isso eu amo muito vc, pois vc é, foi e sempre será minha amiga-irmã, e nada e nem ninguém neste mundo irá mudar, a não ser Deus. Estive com vc, mas ja estou com saudades, obrigada por vc existir na minha vida... Bjs no seu coração.. de sua amiga eterna Cleide..

Anônimo disse...

Nossa muito bom esse texto!. Queria saber onde ficava essa casinha e quem era seus avós.

Mislene Lopes disse...

Meus avós já faleceram se chamavam Adelino Lopes e Lorita Vieira. A casa foi demolida e as terras não pertence mais a familia.
Eram de Sátiro Dias-BA o local da casa era depois do cruzeiro acima do matadouro em frente as terras de Coló, que hoje não sei a quem pertence!

Mislene Lopes disse...

Ah! E vc quem é? rs